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Corpo e Performance – Tomar Lugar
Seminário Corpo, Performance e Biopolítica – modos de vida e estéticas da existência
Período: 19 a 22 de outubro, de 19h às 22h
Local: Auditório do Centro Cultural Dragão do Mar
Convidados:
Dia 19/10,
19h – Beatriz Furtado (CE) - A Performance e o Corpo-arquivo
20h - Felipe Ribeiro (RJ) - Pensamentos sobre Forma, Força, e a Política da Hipérbole
Dia 20/10
19h – Sylvio Gadelha (CE) - A capitalização biopolítica do corpo no neoliberalismo.
20h – André Lage (SP) - Fragmentos de experiências construídos a partir da estratégia de criação e modo de operação propostos pelo método de Composição em Tempo Real
Dia 21/10
19h – Thereza Rocha (RJ) - O que é isso - Dança conceitual?
20h – Maria Cristina Franco Ferraz (RJ) - Biopolítica e mulher-hormônio: cultura somática e invenção artística
Dia 22/10
19h – Mesa – Corpo, Performance e Biopolítica – Modos de vida e estéticas da existência
Mediação: Marcos Moraes (SP)
1. A Performance e o Corpo-arquivo
Tomamos duas obras: "Balkan Baroque", 1997, de Marina Abromovic e "Barbed Hula", 2001, de Sigalit Landau, para pensar a performance a partir de uma tentativa de articular o conceito de arquivo, tal como trabalhado por Michel Foucault, em relaçao ao corpo do artista e a apresentaçao da obra.
Beatriz Furtado - Doutora em Sociologia, pela UFC, com bolsa-estágio, da Capes, junto ao Doutorado em Filosofia, da Universidade de Lisboa, Portugal, com tese intitulada "Imagens que Resistem - O Intensivo no cinema de Aleksander Sokurov". Mestre em Comunicação pela Universidade Autônoma de Barcelona-UAB, Espanha, com dissertação intitulada "Imagens Eletrônicas e Paisagem Urbana". Graduada em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará. É professora do Mestrado em Comunicação e da Graduação, do Instituto de Cultura e Arte, da Universidade Federal do Ceará, da área do Audiovisual. Coordenadora dos cursos de Especialização em Audiovisual em Meios Eletrônicos e da Graduação em Cinema e Audiovisual. Coordena o LEEA-Laboratório de Estudos e Experimentação em Audiovisual- grupo de pesquisa sobre cinema e imagem contemporânea. É autora dos livros "Imagens Eletrônicas e Paisagem Urbana" (Relume-Dumará) e "Cidade Anônima" (Hedra). Organizou os dois volumes do livro "Imagem Contemporanea" (Hedra, 2009) e, junto com Daniel Lins,o livro "Fazendo Rizoma"(Hedra, 2008). É diretora dos vídeos "Catadores", "Cidade Anônima", "Passeio", "Caixa Escura para fazer Imagens de Som" e "Extermínio".
2. Pensamentos sobre Forma, Força, e a Política da Hipérbole
Num primeiro momento este artigo estabelece arbitrariamente forma e força como duas qualidades fundamentais na constituição de imagens. Firmo este binômio para investigar como através de formulações estéticas, a imagem implica o corpo e um propõe políticas ao outro. Este é o caso da obra de Matthew Barney. As imagens do performer-cineasta-escultor são insurgências da fricção entre forma e força, entre definições e resistências, discursos e materiais plásticos, metáforas e paroxismos. Ao mesmo tempo urgente e excessiva, as imagens criadas por Barney atingem sua grandeza ao justamente propor interpretações que descoladas do sistema verídico de significação advogam pelo que gosto de intitular política da hipérbole. É a partir desta política que a arte de Barney cria, revela e amplia legislações para o corpo.
Felipe Ribeiro - Mestre em Cinema Studies pela NYU, é artista visual, professor de Cinema da Universidade Estácio de Sá, e pesquisador do Instituto de Artes da UERJ. Autor de vídeo-instalações, dirigiu e escreveu Trans-Tv, em que atores contracenam com imagens projetadas sobre um plano-relevo. Atualmente é parceiro de trabalho da coreografa Denise Stutz em Justo uma Imagem – um espetáculo de cartas, dança e vídeo.
3. A capitalização biopolítica do corpo no neoliberalismo
Com o advento do neoliberalismo, muda aquilo que o filósofo Michel Foucault designou por arte de governar (governamentalidade). Tomando-se o mercado como chave de decifração e/ou princípio de inteligibilidade para o que sucede ao socius, o neoliberalismo busca formalizar a sociedade através de seu empresariamento, para o que desenvolve a teoria do Capital Humano e, como desdobramento desta, institui o dispositivo do empreendedorismo. Ambos, ancorados mais na concorrência no que na troca (e, portanto, no consumo) estão na base de uma governamentalidade e de uma biopolítica que buscam turbinar os corpos-subjetividades, fazendo deles micro-empresas, capitalizando-os e aumentando suas performances e sua espetacularização, de modo a que os mesmos se tornem competitivos.
Sylvio de Sousa Gadelha Costa é psicólogo (UFC - 1987), especialista em Psicopedagogia (Instituto Sedes Sapientiae / SP - 1989), mestre em Sociologia (UFC - 1996), doutor em Educação Brasileira (UFC / com estudos complementares - 2001 - no Núcleo de Estudos e Pesquisas da Subjetividade, do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP - fev. de 2003), e Prof. do Depto. de Fundamentos da Educação da FACED/UFC.
4. Fragmentos de experiências construídos a partir da estratégia de criação e modo de operação propostos pelo método de Composição em Tempo Real
O real, o trauma, a vida e a morte. O estar vivo e o estar morto. A fração de um silêncio que precede a violência de um desmoronamento e a violência de um desmoronamento que nos cala, colocando-nos, cada vez mais: - ora infinitesimalmente mais “longe” e ora infinitesimalmente mais “perto” de nós mesmos. O que o conceito de “biopolítica” teria a ver com tudo isso? Essa palestra será um momento de reflexão teórica sobre esse conceito, articulando-o com os fragmentos de experiências criados durante a residência artística que realizei recentemente no Atelier RE-AL (Lisboa, 2010), com acompanhamento crítico de João Fiadeiro.
André Lage - Performer, pesquisador e professor. Doutor em Literatura Francesa pela Universidade de Paris VIII, com a tese “Antonin Artaud: corpo e linguagem” (1999/2004, bolsa de Doutorado Pleno CAPES). Estudou técnicas de improvisação e de composicão de dança contemporânea com Lisa Nelson, Simoni Forti, Kirstie Simpson, Mark Tompkins, Daniel Lepkoff, Didier Silhol, João Fiadeiro e outros. Realizou o vídeo “Ideias de Fresta/ Idées de Lucarne” (França, 2009) e a video-performance “Caronte” (Belo Horizonte, 2009). Participou recentemente de uma residência artística no Atelier REAL, com acompanhamento crítico de João Fiadeiro (Lisboa, 2010). Desenvolve o Pós-Doutorado “A pictografia em Antonin Artaud: teatro e reinvenção anatômica”, no departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (2009/2011, bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP).
5. O que é isso - Dança conceitual?
Dos perigos e das falácias em torno da conceitualização do corpo em suas manobras poéticas. A abertura de novos campos do possível em lugar da ampliação do campo estratégico. Uma discussão em torno da objetualidade da dança em meio a seu entrelace com a performance. Pistas para a tessitura da escrita em dança como performance do texto.
Thereza Rocha - Pesquisadora de dança, diretora e dramaturgista. Doutoranda em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO com o projeto de tese Por uma (des)ontologia da dança em sua (eterna) contemporaneidade. Mestre em Comunicação e Cultura pela UFRJ com a dissertação De Artaud a Pina Bausch: a história da invenção de um novo corpo. Professora dos cursos superiores de dança e de teatro do Centro Universitário da Cidade - UniverCidade. Premio Funarte Klauss Vianna 2008 para a montagem do espetáculo 3 Mulheres em um Café: uma conferência dançada com o pensamento em Pina Bausch (Espaço SESC/Rio de Janeiro, 2010). Colunista do portal idança.net (www.idança.net).
6. Biopolítica e mulher-hormônio: cultura somática e invenção artística
Segundo Deleuze, o pintor não pinta sobre uma tela em branco, pois esta já se encontra tomada por clichês. De modo análogo, dançar também implica curtocircuitar hábitos e sentidos incrustados no corpo. O tema foucaultiano da biopolítica, revisitado na contemporaneidade, contribui para se dimensionar a historicidade e a paulatina mutação de algumas dessas interpretações incorporadas. Tal é a aposta desta fala, que irá destacar o tratamento do corpo da mulher no âmbito da atual “cultura somática”.
Maria Cristina Franco Ferraz - Professora Titular de Teoria da Comunicação da UFF, com três estágios de pós-doutoramento em Berlim. Coordenadora local do Doutorado Internacional Erasmus Mundus “Estudos Culturais em Interzonas Literárias”. Doutora em Filosofia pela Universidade de Paris 1-Sorbonne. Autora dos livros Nietzsche, o bufão dos deuses (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994; Ediouro/Sinergia: 2009 e Paris: L’Harmattan, 1998), Platão: as artimanhas do fingimento (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999), Nove variações sobre temas nietzschianos (Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002) e Homo deletabilis – corpo, percepção e esquecimento: do século XIX ao XXI (Rio de Janeiro: Garamond, 2010).
Nossa, queria demais ir a esse evento! Adorei descobrir esse espaço virtual, depois de um belíssimo encontro, no princípio do ano, com o Centro Dragão do Mar! Que lugar maravilhoso! Amei conhecer e queria voltar.
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